terça-feira, 12 de julho de 2011

CFESS se manifesta após audiência pública na AL de MS

Especialistas querem desmistificar educação a distância

quarta-feira, 6 de julho de 2011
Por: Paulo Fernandes   Foto: Roberto Higa 
Audiência pública serviu para reduzir preconceito contra a Educação a Distância.
Especialistas em Educação a Distância querem acabar com a discriminação, que eles afirmam existir, contra essa modalidade de ensino. O assunto foi discutido nesta quarta-feira (6/7) em audiência pública na Assembleia Legislativa.

Responsável por democratizar o ensino, a educação a distância tem quase 1 milhão de estudantes na graduação em todo o país. É uma oportunidade para quem tem um horário diferenciado ou está longe dos centros de ensino. Além disso, o curso a distância tem custo de 40% a 50% inferior à modalidade presencial.

“O perfil é um aluno de baixa renda, com mais de 30 anos, com família e filhos”, explica o presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância, o acadêmico da Fundação Getúlio Vargas Ricardo Holz.

Ele garante que a qualidade do ensino a distância é igual ou superior à modalidade presencial. “Hoje, o grande desafio é quebrar o paradigma. Quem não conhece tem preconceito com o tema”, afirma.

“A maior parte da discriminação vem de órgãos públicos e do CFESS (Conselho Federal de Serviço Social)”, conta Ricardo Holz. O conselho lançou uma campanha chamada “Educação não é Fast Food”, contra o ensino a distância. “Temos problemas que devem ser tratados, mas não podemos discriminar quem escolhe essa metodologia”.

O diretor adjunto do Centro de Educação a Distância da universidade Anhanguera/Uniderp, Luciano Sathler, também garante que a qualidade de ensino é a mesma. “Os cursos são supervisionados pelo MEC (Ministério da Educação). O instrumento que avalia é o mesmo; o aluno faz a mesma prova e também não há diferença na duração do curso ”, disse.

A Uniderp oferece 12 cursos de graduação a distância, além de pós-graduação lato sensu e extensão. Hoje, são 60 mil alunos na graduação e 30 na pós-graduação.

Acadêmicos assistem a duas tele aulas por semana, que são transmitidas nos 270 pólos de apoio presenciais espalhados pelo Brasil, fazem atividades semanais e recebem materiais didáticos impressos e digitais.

A deputada Mara Caseiro (PTdoB), que propôs a audiência, acredita que o aprendizado depende do acadêmico. “Eu acredito que depende do aluno. Se for dedicado e se interessar, ele vai aprender, seja na modalidade presencial ou a distância”, afirmou. “A qualidade do ensino é a mesma”, acrescentou.

Em 2006, quando era prefeita, Mara Caseiro foi responsável pela implantação da Uniderp Interativa em Eldorado. Onze acadêmicos fizeram o curso de pedagogia e hoje lecionam na cidade. “A educação a distância é uma realidade que deu certo”, disse. Hoje, vários cursos na modalidade são oferecidos no município.

Tutores acompanham os alunos nas tele aulas, nos pólos, e também ficam na instituição de ensino, onde usam a internet para auxiliar os acadêmicos. Eles cuidam das necessidades dos alunos, respondem dúvidas, aplicam as provas e supervisionam estágio, além de cuidar de questões administrativas.

O Brasil possui 35 mil tutores. A exigência é de 1 tutor para cada 50 ou 40 alunos. Na maior parte dos casos, o tutor é um graduado na área com alguma especialização.

“É um erro achar que o tutor tem a mesma função do professor. O professor ministra a aula. O tutor faz a moderação”, explica o presidente da Associação Nacional dos Tutores de Educação a Distância, Luis Gomes. Segundo ele, o maior desafio para os tutores hoje é conquistar a valorização da categoria.

A audiência pública “Avaliação e Validação da Educação a Distância” é a terceira realizada pela deputada Mara Caseiro na Assembleia Legislativa. Ela fará ainda uma 4ª audiência pública, em setembro, concluindo a série de debates voltados à juventude.

Nota - Logo após a audiência pública, a assessoria de imprensa do CFESS encaminhou nota ao Portal ALMS, para esclarecer, segundo o órgão, as acusações de discriminação feitas pelo presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância, Ricardo Holz, a respeito da campanha nacional “Educação não é fast-food: diga não para a graduação a distância em Serviço Social”.

Conforme o CFESS, o objetivo da campanha é o de provocar o debate público acerca da política brasileira de ensino superior, além de defender a democratização do ensino com garantia de qualidade na formação. Isso significa dizer, de acordo com a assessoria do órgão, que o conselho defende o acesso ao ensino superior para todos os brasileiros, desde que seja presencial, público e gratuito.

“Por isso, a campanha não deve ser interpretada como um ataque ao estudante de graduação a distância ou taxada de preconceituosa ou excludente. Muito menos devemos deixar que o debate seja desvirtuado para a polarização entre graduação a distância e graduação presencial. Temos a clareza de que é a falta de universidades públicas presenciais em todo o país que faz com que se busque, na graduação a distância, uma alternativa de acesso ao ensino superior”, informa a nota.

Além disso, o exercício profissional de assistente social exige, antes de qualquer coisa, o contato com o usuário, a escuta, a dimensão investigativa, a interdisciplinaridade com outras categorias, a pesquisa, a extensão, e não foi possível encontrar na formação oferecida pela graduação a distância elementos que preparem o estudante para tal prática profissional, conforme relatórios e documentos que embasaram a campanha, aponta o parecer do CFESS.

* Matéria editada às 18h58 para o acréscimo de informações.

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